Representantes dos Três Poderes se reuniram em Brasília para um almoço, onde o foco deveria ser a sinergia entre essas instituições. É importante destacar que, nesse ambiente federal, a comunicação e a resolução de conflitos muitas vezes acontecem em contextos descontraídos, como a escolha de um bom restaurante.
O encontro, que incluiu os presidentes do Judiciário, do Congresso, da Câmara e o chefe da Casa Civil, que representa o Executivo, teve a expectativa de um possível consenso sobre determinados assuntos tratados. Contudo, o que realmente está em jogo é muito mais significativo: trata-se de definir quem exerce o verdadeiro comando nas esferas de poder. A discussão em torno das emendas impositivas dos parlamentares, que foram suspensas pelo Judiciário – contrariando a vontade do Legislativo – é apenas a superfície de uma questão muito mais profunda.
Na verdade, tanto o Judiciário quanto o Legislativo ampliaram suas atribuições e influências ao longo do tempo, enquanto o Executivo, que deveria ter um papel mais proeminente, encontra-se cada vez mais enfraquecido. Isso não é novidade, mas a situação se agravou, estabelecendo um desajuste estrutural.
Atualmente, o Brasil se encontra em um cenário que apresenta características de um semipresidencialismo, onde os líderes das casas legislativas assumem funções quase de primeiros-ministros, atuando ao lado dos poderes do Supremo Tribunal Federal. Este ambiente de confronto entre os Poderes, que já era uma característica do nosso sistema, evoluiu para um embate incessante em torno de competências e prerrogativas.
É possível que um almoço bem-sucedido leve a um arranjo momentâneo, como a transparência nas emendas, melhores acordos com o Executivo sobre sua aplicação e promessas do Supremo de intervir menos. No entanto, a questão central persistirá: em disputas sobre quem exerce o poder, não estamos diante de uma simples crise, mas sim de um desarranjo institucional. Em um cenário assim, torna-se cada vez mais desafiador esperar que questões fundamentais – sejam elas políticas, sociais ou econômicas – sejam efetivamente resolvidas. O mesmo se aplica a almoços, que podem ser saborosos, mas não resolvem os problemas mais profundos da governança do país.
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