Durante o recesso parlamentar, o deputado Elmar Nascimento (BA), atual líder do União Brasil na Câmara dos Deputados, intensificou suas articulações políticas visando uma candidatura à presidência da Casa, prevista para ser lançada em agosto, com o suporte do deputado Arthur Lira (PP-AL).
As datas em discussão por seu grupo incluem 12 ou 26 de agosto, o que coincidirá com sua posse como líder do maior bloco na Câmara, que agrupa União Brasil, Progressistas, a federação PSDB/Cidadania, PDT, Avante, Solidariedade e PRD, totalizando 161 deputados.
No entanto, suas movimentações políticas estão se concentrando fora do legislativo. Recentemente, Elmar se apresentou a um seleto grupo de investidores em São Paulo, onde expôs sua perspectiva sobre as relações políticas em Brasília e suas intenções de dirigir a Câmara caso seja eleito presidente em 2025.
Ele afirmou que vê a Câmara como um poder moderador, essencial na agenda nacional e como uma barreira contra retrocessos na legislação que favorece o ambiente de negócios—um aspecto crítico em tempos de intervenção estatal e regulação excessiva promovida pela esquerda.
Elmar citou o papel do Congresso em impedir propostas do governo que buscavam reverter avanços no marco do saneamento de 2021 e na reforma trabalhista de 2017. Ele garantiu que, se eleito, manterá um compromisso firme com a continuidade de uma agenda que estimule o crescimento econômico e a liberdade de mercado.
Além disso, ele sinalizou um movimento colaborativo com o governo, especialmente com o PT, ao intervir em diretórios locais do União Brasil para que apoiassem candidatos alinhados ao governo de Lula. Esta estratégia inclui intervenções em cidades como Cruzeiro do Oeste, Santa Maria e Recife, solidificando vínculos com líderes que têm grande influência dentro do atual governo.
De acordo com seus aliados, Elmar já conta com um apoio significativo dentro do PT, com uma fonte da legenda estimando que ele possui cerca de um terço da bancada. Há expectativa de que, caso se torne o candidato oficial de Arthur Lira, o partido se mobilize quase que integralmente ao seu favor.
Por outro lado, membros do PT expressam preocupação com a possibilidade de uma nova liderança na Câmara que possa ameaçar o controle do governo, recordando o impacto negativo que o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, teve ao exacerbar divisões políticas e precipitar o impeachment de Dilma Rousseff.
Elmar, por sua vez, tem alertado o presidente Lula sobre os riscos de uma candidatura opositora, que poderia fragmentar ainda mais a Câmara e ter repercussões desastrosas na governabilidade.
União Brasil: uma força no comando do Legislativo?
Entre as críticas à sua candidatura está a preocupação de que o União Brasil poderia acumular muito poder, controlando tanto a Câmara quanto o Senado, com Davi Alcolumbre à frente da outra Casa. Elmar respondeu a essa crítica assegurando que essa liderança sólida beneficiaria o governo Lula, que enfrenta desafios significativos de articulação legislativa entre Arthur Lira e Rodrigo Pacheco.
O deputado também tem buscado aliados na maior bancada de oposição, o PL de Jair Bolsonaro, reforçando sua base de apoio. A avaliação de sua equipe de campanha é que suas posições firmes contra práticas do Supremo Tribunal Federal (STF) – incluindo seu voto pela libertação de Chiquinho Brazão, implicado no assassinato de Marielle Franco – o ajudaram a angariar apoio.
A relação com o Judiciário também é um foco de suas negociações. Elmar discutiu com ministros do STF a possibilidade de promover uma aproximação entre as duas casas, sugerindo que o tribunal compile uma lista de lacunas legislativas para que a Câmara possa endereçá-las, evitando que as questões sejam decididas no Supremo.
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