O ex-ministro da Fazenda Antônio Delfim Netto faleceu aos 96 anos nesta segunda-feira, no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, onde estava internado devido a problemas de saúde.
Delfim Netto ocupou a pasta da Fazenda entre 1967 e 1974, durante a fase da ditadura militar, prestando serviços aos governos dos generais Arthur da Costa e Silva e Emílio Garrastazu Médici. Posteriormente, atuou como embaixador do Brasil na França durante a gestão do general Ernesto Geisel e foi ministro em outros cargos no governo do general João Baptista Figueiredo, até o final da ditadura em 1985.
Apesar de seu histórico ligado ao regime militar, Delfim estabeleceu relações com a esquerda, tornando-se conselheiro econômico do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu primeiro mandato. No entanto, com o passar do tempo, ele se tornou crítico da gestão da presidente Dilma Rousseff. Em 2014, ele se opôs à tentativa do governo de controlar o preço da energia elétrica, alertando que tal medida poderia minar a confiança dos empresários na economia brasileira, consequentemente reduzindo os investimentos e causando um aumento da inflação.
Delfim analisou a administração de Dilma como uma das principais razões para seu impeachment, afirmando que o processo estava dentro da legalidade e dentro das disposições constitucionais. Ele argumentou que violações de função no setor público devem ter consequências, assim como no setor privado.
Em 2018, Delfim foi acusado de receber propina de R$ 15 milhões do Consórcio Norte Energia, mas sua defesa sempre negou as acusações, afirmando que os valores recebidos se referiam a honorários por consultoria prestada.
Em uma de suas últimas entrevistas, Delfim argumentou, ainda durante o governo do presidente Jair Bolsonaro, que a economia brasileira não conseguiria crescer de forma robusta sem investimentos governamentais. Ele destacou a necessidade de um orçamento público que permitisse ampliar esses investimentos, ressaltando que a confiança no governo era crucial para a recuperação econômica, especialmente em um momento em que o governo buscava incentivar a participação do setor privado.
Delfim deixa sua filha e neto. Sua assessoria informou que não haverá velório aberto e o sepultamento será restrito à família.